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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Acabou o Natal. Acabou tudo", diz mãe da adolescente atropelada no Olho d'Água


Urânia Socorro Alves, mãe da adolescente, tenta resumir o desconsolo de ter perdido para sempre a mais nova de três filhas (NEIDSON MOREIRA/OIMP/D.A PRESS)
Urânia Socorro Alves, mãe da adolescente, tenta resumir o desconsolo de ter perdido para sempre a mais nova de três filhas
Urânia Socorro Alves, mãe da adolescente, tenta resumir o desconsolo de ter perdido para sempre a mais nova de três filhas (NEIDSON MOREIRA/OIMP/D.A PRESS)
Urânia Socorro Alves, mãe da adolescente, tenta resumir o desconsolo de ter perdido para sempre a mais nova de três filhas
A adolescente Larissa Alves dos Santos tinha planos de, no próximo dia 29, viajar com o pai para São Paulo e, em 5 de janeiro, comemorar o aniversário de 13 anos ao lado da madrinha, em Campinas. Mas a morte precoce e trágica a impediram de realizar o sonho. Um fim de semana antes do Natal, na madrugada do último domingo, Larissa foi fatalmente atropelada pelo funcionário público Jhon Willys Sousa de Lima, 31 anos, pouco depois de ter tomado um banho de mar com a irmã e um amigo, na Praia do Olho d’Água.

“Acabou o Natal. Acabou tudo.” Dessa forma, a dona de casa Urânia Socorro Alves tenta resumir o desconsolo de ter perdido para sempre a mais nova de três filhas. Urânia e Larissa se falaram pela última vez por telefone, na noite de sábado. A mãe tinha viajado à cidade natal, Capanema, no estado do Pará, para o aniversário de uma irmã, e ligou para ter notícias da família. Durante a conversa, a filha contou que queria ir a uma festa, mas Urânia a teria proibido.
Às cinco horas da manhã de domingo, a paraense recebeu uma chamada de familiares em São Luís, e, em choque, tomou conhecimento de que, poucas horas antes, Larissa tinha morrido instantaneamente na praia, depois de ser atropelada por um carro modelo Ômega preto, sem placas, dirigido por Jhon Willys de Lima. A outra filha, Cleane Cordeiro Alves, e um amigo que acompanhava as duas irmãs, também foram atingidos pelo veículo, mas foram medicados no atendimento de emergência do Hospital Municipal Clementino Moura (Socorrão II), e não correm risco de morte.

Larissa nasceu e morou com a família em Campinas, até se mudarem para São Luís, há cerca de nove meses. Segundo Urânia, as filhas se sentiam seguras na capital maranhense, pois, em São Paulo, ambas ficavam muito tempo dentro de casa, com receio da violência urbana. “Lá elas não viveram, porque a gente tinha que viver presa”, recorda. A pesar da sensação de liberdade que tinham Larissa e Cleane, disse Urânia, as duas nunca permaneceram fora de casa até a madrugada.

Para a mãe da adolescente, é doloroso lembrar que Larissa tinha pedido para ambas viajarem juntas ao Pará, mas não teve o pedido satisfeito por ainda se encontrar em período de provas na escola. Apesar da dor da perda da caçula, Urânia ainda consegue encontrar consolo no fato de Cleane ter sobrevivido. “Pelo menos foi só uma, e podiam ter sido as duas”, revela.
Revoltados, os familiares de Larissa Alves dos Santos reclamam que alguma providência seja tomada pelo poder público, em relação à prática de rachas de carros nas praias. “Isso tem que acabar”, indigna-se Urânia, mas com a vontade de que outros casos como o de Larissa não se repitam. “Eu sei que não vou mais ter minha filha de volta, mas vou defender a vida das outras pessoas.”

DEPOIMENTO
O funcionário público Jhon Willys Sousa de Lima, lotado na Secretaria Municipal de Administração de São Luís, prestou depoimento sobre o incidente na madrugada de ontem, ao titular da Superintendência da Polícia Civil da Capital (SPCC), Sebastião Uchoa, e à delegada Edilúcia do Carmo Chaves Trindade, que desde ontem substitui o superintendente no cargo, durante as férias dele.

De acordo com Sebastião Uchoa, a oitiva preliminar do motorista foi acompanhada por dois advogados, e ocorreu na SPCC por conta do forte clima de comoção que envolvia o incidente. Chorando muito, o depoente teria dito que, no momento do atropelamento, ele vinha de uma festa no Rio Poty Hotel, no bairro Ponta D’Areia, e seguia para o Caranguejo Bar.

Jhon Willys admitiu já ter participado de rachas de carros em outras ocasiões, e que comprou o veículo Ômega preto, sem placas, para participar de campeonatos de manobras. O servidor público, que reside no bairro Planalto Anil II, também é proprietário de um Chevrolet modelo S-10. Sebastião Uchoa disse que Jhon Willys não tinha consumido bebidas alcoólicas, pois o mesmo se encontra em tratamento de quimioterapia contra um câncer.

Jhon Willys afirmou que o veículo se encontrava a uma velocidade entre 60 e 70 quilômetros por hora, e que ele não tinha avistado o grupo de pessoas na areia. O motorista disse ter sido surpreendido pelo impacto da adolescente se chocando contra o para-brisa do carro, mas que não voltou para prestar socorro à vítima com medo de sofrer um linchamento. O carro e a carteira de habilitação do motorista foram apreendidos.

O caso foi encaminhado para a Delegacia de Acidentes de Trânsito (DAT), e o inquérito instaurado pela delegada Ana Claudia Campos da Silva Melo. Até o início da tarde, a responsável pelas investigações já tinha colhido o depoimento de duas testemunhas, e encaminhado intimações para o pai de Larissa, o cozinheiro Arlindo Macedo Alves, e o motorista do carro que atropelou Larissa, Jhon Willys Sousa de Lima, para comparecerem à DAT. O inquérito tem o prazo de 30 dias para ser concluído e remetido ao Poder Judiciário.

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