Dois oficiais de Justiça, acompanhados 
por policiais militares, homens do Corpo de Bombeiros, além de caçambas e
 tratores, deram cumprimento, na manhã de hoje (12), a dois mandados de 
reintegração de posse numa invasão do Araçagi, no município de São José 
de Ribamar. Ao menos 300 das mais de 600 casas erguidas na área foram 
derrubadas.
 As ações foram deferidas
 pelos juízes da 1ª e da 2ª varas cíveis do município, Márcio José do 
Carmo Matos Costa e Vanessa Clementino Souza, respectivamente, em favor 
da EGI Empreendimentos Imobiliários e Adiana Matos Alves Alberto.
 Segundo o oficial de Justiça Luís Moraes (1ª Vara), já está comprovada 
judicialmente a posse legal da área, correspondente a 80 metros de 
frente por 100 metros de fundo, pela EGI. Ele garantiu que a ação de 
reintegração de posse não foi surpresa para os invasores do terreno, 
pois os mesmos sabiam da situação de ocupação irregular e na última 
quarta-feira (5), teriam sido avisados durante uma reunião no Comando 
Geral da Polícia Militar, sobre o cumprimento da medida judicial.
 O também oficial de Justiça José Carlos Oliveira Martins, da 2ª Vara 
Cível, informou que Adriana Matos também teria comprovado a titularidade
 da área de 9 mil metros quadrados e por isso a Justiça deferiu seu 
pedido de reintegração de posse. “Há pelo menos seis meses existe uma 
disputa jurídica entre os proprietários dos terrenos em questão e a 
comunidade que atualmente habita a área. Durante a reunião no Comando 
Geral, os representantes dos moradores foram informados sobre o 
cumprimento da reintegração, justamente para essas pessoas deixarem o 
local com calma e tempo hábil”, explicou José Carlos.
 Foto: G. Ferreira

 Mais de 300 barracos foram derrubados
 Como em toda reintegração, muitos moradores disseram não ter para onde ir.
 O pintor Antonio Lázaro Camarão, 35 anos, é um deles. Desempregado, ele
 vivia na invasão há quatro anos, com a mulher e quatro filhos – entre 
eles um bebê de pouco mais de 1 mês.
 Vagner Sousa, 31, contou que na terça-feira a comunidade interditou, 
por mais de três horas, a MA- 203, com a finalidade de sensibilizar o 
poder público a interceder em favor dos moradores.
 “Nós deixamos de comer para pagar um advogado que pudesse nos ajudar a 
derrubar essa reintegração de posse, e depois da manifestação de terça 
lotamos um caminhão e fomos até a porta da prefeitura de Ribamar 
suplicar ajuda, mas não fomos atendidos. Ou seja, apostamos praticamente
 tudo o que tínhamos para defender o nosso direito por moradia e agora 
estamos sendo jogados na rua”, disse Vagner.
 Casado e pai de 10 filhos, o lavrador e pescador Raimundo Nonato de 
Oliveira, 54, natural de Codó, afirmou que ficou desempregado e não 
conseguiu mais pagar aluguel. Por isso invadiu a área reintegrada.
 “Sabemos que essa terra não é nossa, mas precisamos ser tratados como 
gente, uma vez que temos o direito a moradia e isso está sendo renegado 
pelo poder público que sabe da situação, mas prefere se omitir. Vou 
tentar salvar pelo menos as telhas, as portas e as janelas do meu 
barraco, que logo mais estará no chão”, conformou-se Raimundo.
 Foto: G. Ferreira

 150 PMs foram ao local, mas não houve confronto
 A ação de reintegração de posse durou todo o dia. A Polícia Militar 
enviou 150 policiais para o local, a fim de garantir o cumprimento da 
decisão judicial. O Corpo de Bombeiros também designou uma viatura Auto 
Bomba Tanque (ABT) para lavar a área e evitar qualquer risco de 
incêndio. Os moradores não resistiram à ação de derrubada dos barracos, e
 aos poucos foram deixando a área.
 
 
 

