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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cutrim pode ser chamado a depor

O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, disse, na manhã de hoje (22), em entrevista à rádio Mirante, que, “se for necessário”, o deputado estadual Raimundo Cutrim (DEM) pode ser chamado a depor pela comissão de delegados que dá sequência às investigações do assassinato a tiros do jornalista Décio Sá, ocorrido em abril passado, em São Luís. “É de interesse da polícia o depoimento dele. Também é de interesse dele esclarecer sobre a denúncia feita pelo réu confesso. Mas o parlamentar tem prerrogativas pelo cargo que ocupa. É um direito constitucional e que tem de ser respeitado”, disse Mendes.
O deputado Cutrim foi envolvido no crime por Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos, acusado de matar o jornalista. Jhonatan citou o nome do parlamentar várias vezes em seu primeiro depoimento à polícia, no último dia 9. Disse que um dos agenciadores da morte de Décio – José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, preso no último dia 13 – teria revelado a ele que Cutrim seria o principal mandante do crime.
A íntegra do depoimento vazou na quinta-feira (21) em blogs do Maranhão e foi publicada na edição de hoje do Jornal Pequeno. Raimundo Cutrim é aliado do governo Roseana Sarney (PMDB), de quem foi secretário de Segurança Pública de julho de 1997 a abril de 2002.
Foto: G. Ferreira
Jhonatan Silva depôs na polícia por sete horas
“Não podemos encarar isso [o que foi dito por Jhonatan à polícia] como verdade absoluta, mas também não podemos descartar isso. Há uma situação aí que precisa ser esclarecida, e é isso que vai ser feito”, afirmou Aluísio Mendes.
‘Vindita’ – O secretário rechaçou qualquer ligação entre o surgimento do nome de Cutrim no caso e suas diferenças pessoais com o parlamentar, que tem marcado suas intervenções na Assembleia Legislativa do estado com críticas contundentes a Mendes. “Não vou permitir esse tipo de ilação. Não é a minha postura, meu modo de agir. Não há nenhum viés de ‘vindita’, de vingança pessoal nesse assunto”, enfatizou.
Segundo o secretário, quando o nome de Raimundo Cutrim surgiu, todos os seis delegados da comissão que está à frente do “caso Décio” foram “tomados de surpresa”.
Aluísio Mendes afirmou que, a partir do surgimento do nome do deputado, decidiu que o trabalho de investigação passaria a ser conduzido sem sua presença.
Ele preferiu não revelar se o nome de Cutrim foi mencionado por outros depoentes.
Foto: Biné Morais
Deputado Raimundo Cutrim negou participação no assassinato de Décio Sá
Na entrevista, o secretário Aluísio Mendes confirmou, ainda, o afastamento das investigações de dois policiais da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) – um é o investigador Joel Durans Medeiros e o outro está identificado, por enquanto, apenas como Alcides. Os dois policiais têm relação de amizade com “Júnior Bolinha”, e foram afastados do caso “para evitar qualquer tipo de ingerência”, disse Aluísio Mendes.
O secretário reafirmou que o sigilo das investigações sobre a “máfia da agiotagem” – um desdobramento do “caso Décio” – está mantido. “É um grupo extremamente poderoso, e quanto menos informações esse grupo tiver sobre o trabalho da polícia, mais facilmente chegaremos a ele”.
Foto: G. Ferreira
Secretário de Segurança Aluísio Mendes
Segundo explicou Aluísio Mendes, os documentos – entre eles, muitos cheques em branco de prefeituras – que constam no inquérito policial estão sendo analisados exclusivamente por uma parte da comissão de delegados encarregada pelo caso. Mendes disse que os casos que envolvem recursos públicos federais serão investigados pela Polícia Federal.
Deputado nega – O deputado Raimundo Cutrim pôs, ontem (21), à disposição da polícia e do Ministério Público seu sigilo telefônico e bancário. Além disso, pediu que a apuração seja mais aprofundada para que os fatos demonstrem que não há envolvimento dele no caso.
“Quem conhece o meu trabalho sabe que, por onde andei, eu sempre procurei pautar o meu trabalho dentro da lei. O que eu quero é que a polícia apure isso. Eu tenho minhas diferenças com o secretário, isso é público e notório, mas conheço todos os policiais e sei que são competentes. O indiciado disse e cabe à polícia esclarecer. Não se pode jogar na parede: ‘foi fulano de tal’. Não se pode dizer ‘fulano matou’, sem provas. Eu disponibilizo meu sigilo telefônico e bancário, sou a pessoa mais interessada em esclarecer os fatos, sou um homem que tem a vida limpa e a verdade aparecerá no final”, afirmou o parlamentar.
O deputado não negou que tenha relacionamento com o empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, mas que é apenas no campo profissional.
“Conheci ele [Júnior Bolinha] no ano passado, eu tava precisando arrumar os açudes do meu sítio, eu aluguei máquinas dele, não tinha nenhuma ligação com ele. Depois dessa coisa do sítio, eu ligava para ele, sempre muito profissional, sempre falando de barro, areia, mas se limitava a isso, apenas assuntos bem profissionais, somente isso”, afirmou Cutrim, que concluiu: “Quem não deve não teme, e eu não devo nada a ninguém, quero que as pessoas me respeitem”.
Seis pessoas estão presas – entre elas, um capitão da Polícia Militar do Maranhão – acusadas de participação no assassinato do jornalista Décio Sá, em 23 de abril passado, num bar da Avenida Litorânea, em São Luís. Outros três acusados de envolvimento no crime ainda são procurados pela polícia.
Veja a íntegra do depoimento de Jhonatan de Sousa Silva:





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