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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

População de rua cresce 22% em São Luís

Secretaria Municipal de Assistência Social cadastrou, este ano, 627 pessoas morando nas ruas de São Luís. No ano passado, eram 510. Fenômeno marcado pela violência e discriminação
A praça Nauro Machado, na Praia Grande, é um dos muitos pontos de concentração de moradores de rua de São Luís (HONÓRIO MOREIRA/OIMP/D.A PRESS)
A praça Nauro Machado, na Praia Grande, é um dos muitos pontos de concentração de moradores de rua de São Luís
 
“Eu não tenho nada a perder. Só tenho minha vida e mal. Não espero mais nada da vida”. O triste relato é de um morador de rua que desde os 10 anos de idade vive cada dia sem saber se terá um amanhã. Carlos Alberto tem 40 anos e está prestes a ser pai de seu primeiro filho. Medos ele sente pela criança que está por vir, mas acredita que “Deus vai mostrar o caminho melhor”. O futuro mais provável: ele, a mulher e a criança vivendo nas ruas à mercê da bondade – e do ódio – alheio.

Carlinhos, como é tratado pelos “irmãos de rua” é mais um entre tantos que passam pelo mesmo problema de desamparo. Quem deveria prestar auxílio e combater a situação mostra-se omisso; a sociedade fecha os olhos ao fato. Afinal, até que ponto somos todos iguais perante a lei - se perguntam os por ela excluídos.

Carlos carrega as marcas adquiridas em anos de uma vida difícil e sem as mínimas oportunidades. A referência de casa que ele possui é a rua - e foi nela que aprendeu como sobreviver. Para se alimentar depende da bondade de poucos. Em dias alternados ele tem garantido ao menos uma refeição: sopa servida por voluntários. Nos demais dias, conta apenas com a benevolência das pessoas. “Ninguém ajuda. A gente é ladrão, é vagabundo. Eu, se eu tivesse uma chance, eu não ia querer ficar nessa vida senhora”, afirmou. Carlinhos passa o dia a andar “o mundo todo” e só sossega à noite, quando retorna ao seu ponto na Praça Deodoro para tentar dormir, pois nem isso consegue. “A gente ‘tá aqui dormindo e vem gente fazer mal, bater. Já me jogaram pedra. Eu não tenho para onde ir, tenho que ficar aqui mesmo”, disse ele, que ainda sofre com as crises de epilepsia. Perguntado o seu maior desejo, caso pudesse tê-lo atendido, Carlinhos faz um simples pedido diante de toda a sua dificuldade: “eu só queria uma roupa pra me proteger do frio e do calor”.

Enquanto conversava com a reportagem, outro morador de rua interveio reclamando do roubo da sua caixa de engraxate. Alexandro de Paula Silva, 37 anos, disse estar mais de 20 anos nas ruas e também fez da Praça Deodoro seu ponto de morada. Ao ser roubado ele também foi agredido, segundo relatou. Visivelmente alterado - se por drogas, bebida ou problemas psicológicos – Alexandro pedia a todo o momento que lhe fosse comprada nova ferramenta de trabalho. E se punha a descrever os itens constantes do equipamento.

Segundo ele, era com esse trabalho que conseguia ganhar uns trocados e garantir um pouco de comida diariamente para ele e para os demais companheiros.

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