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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Jagunços invadem ocupação no Araçagi e queimam casebres

Ocupantes de terreno localizado no Parque do Araçagy acordam com disparo de tiros de revólver e têm suas casas derrubadas. O mandante é um suposto proprietário do local.
No local, o cenário era de desolação. Tratores derrubaram os casebres. Moradores exigem documento que prove a propriedade do terreno (Thiago Veloso/OImp/D.A.Press)
No local, o cenário era de desolação. Tratores derrubaram os casebres. Moradores exigem documento que prove a propriedade do terreno
Mais uma vez em menos de uma semana, o bairro do Araçagy é palco de conflito agrário. Esta região já serviu de cenário para a morte do empresário Marggion Andrade, assassinado em outubro do ano passado, tendo como mandantes o corretor de imóveis Elias Orlando Filho e o vereador Júnior do Mojó. Também é espaço de investigação pela polícia por prática de grilagem de terra desde a década de 80. No momento, é uma das áreas mais caras da Grande Ilha, segundo os corretores, os preços de lotes de terreno medindo 15m por 50m variam em torno de R$ 30 a 150 mil.

No começo da manhã desta quinta-feira (14), mais de mil famílias que estavam ocupando um terreno há mais de dois meses, localizado às margens da Avenida São Paulo, no Parque Araçagy, nas proximidades do Rio da Prata, acordaram ao disparo de arma de fogo e com tratores derrubando os casebres.

Segundo uma das ocupantes, Jocilene Costa, de 32 anos, vieram mais de 20 homens armados com revólver e facão fazendo a segurança de um senhor, que afirmava ser o dono das terras, mas, não apresentou nenhum documento e muitos menos uma decisão judicial. "Estamos na terra, porém, não somos leigos. Para haver um despejo precisa da justiça", frisou.

Ainda relatou que os homens não chegaram a conversar com nenhum morador. Foram derrubando os casebres e colocando fogo no local e ainda dispararam vários tiros em direção aos moradores. Francisco Brasileiro de Sousa, de 26 anos, foi atingindo com um tiro na perna esquerda, mas, nenhum morador souber informar o autor do disparo.

A esposa dele, Helinilde Rodrigues, de 29 anos, disse que está morando no local há mais de dois meses e não tem para onde ir. Antes o casal alugava um quarto no Turu e pagava um valor de R$ 270. No momento, o esposo dela, portador de hanseníase está fazendo tratamento médico e por isso está desempregado.

A idosa Alailde Sousa, de 70 anos, também foi pega de surpresa. Ela falou que morava na cidade de Guimarães e veio para São Luís morar com a filha, Valdinete, de 50 anos. "Tenho problema na visão e quando chegaram disseram para eu deixar o meu casebre e seguir o meu destino".

Outro ocupante, identificado como Raimundo Veloso, de 35 anos, disse que há mais de mil familias no terreno, sendo cada uma ocupando um lote 6m por 13m. Ele relatou que caso o verdadeiro dono se interesse pelo local, estão aptos a fazer um acordo, mas, mediante a apresentação da verdadeira documentação.

De acordo com o delegado Joviano Furtado, integrante da Comissão de Inquérito a Grilagem de Terras na Grande Ilha, algumas deverão ser tomadas acerca do episódio.

"Como o terreno é próximo ao Rio da Prata, então, a ocupação deve obedecer a uma distância de 30 metros longe do rio. Em relação ao morador baleado, ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento do Araçagy e não corre risco de morte. O fato foi registrado no 7º Distrito Policial, no Turu, mas, será investigado pela Delegacia de Paço do Lumiar que vai identificar o autor do disparo", explicou.

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