Um grupo de quarenta e duas pessoas
denunciou no Ministério Público Estadual o candidato do PPS à prefeitura
de Itapecuru-Mirim, Magno Amorim, por estelionato supostamente cometido
através de um ‘golpe da faculdade fantasma’, muito aplicado no interior
do estado nos últimos anos.
A acusação contra Amorim também foi registrada em boletins de ocorrência lavrados na delegacia de Itapecuru. A reportagem do JP teve acesso aos dois primeiros BOs (574 e 598/2012), que reuniram as queixas de cinqüenta pessoas ao todo.
O curso teve início em março do ano passado, após propagandas que
destacavam o fato de que “todos os cursos” eram “reconhecidos pelo MEC”.
O Instituto de Educação Kerigma (IEK), entidade coordenada por Magno
Amorim e pelo pastor evangélico Wildson Luís da Silva, ofereceu sete
cursos de graduação: Pedagogia, Letras, História, Geografia, Matemática,
Educação Física e Administração. Na propaganda, o IEK informou ter
parceria com três instituições: a Faculdade Evangélica Cristo Rei
(FECR), a Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo) e a Faculdade
de Teologia Hokemãh (FATEH).
Candidato do PPS à prefeitura de Itapecuru-Mirim, Magno Amorim
Mais de seiscentas pessoas fizeram o processo seletivo e cerca de
quatrocentas se matricularam. Mais de duzentas pagaram mensalidades de
cento e vinte reais, durante catorze meses, para cursos com aulas
presenciais a cada dois finais de semana.
As aulas aconteceram no Colégio Estadual Newton Neves, do qual Magno
Amorim era diretor. Os pagamentos também eram feitos na escola, conforme
consta nos próprios recibos do curso, assinados por Amorim. De acordo
com a lei, a escola pública não poderia ser utilizada para fins privados
e lucrativos. Os recibos de pagamento das mensalidades apontam a
ocorrência de dois crimes: improbidade administrativa (conduta ilegal de
servidor público) e peculato (quando o servidor público usa o cargo ou a
estrutura do órgão para receber vantagens).
“Ao se valer do cargo de diretor e usar uma sala da escola para receber
pagamentos em nome de uma instituição privada, Magno Amorim cometeu
dois crimes, improbidade administrativa e peculato, o que é inaceitável
sob qualquer ponto de vista”, afirma o advogado Pablo Cassas, que
representa várias pessoas que foram vítimas do golpe.
Descoberta –
Quando alguns estudantes questionaram Magno Amorim e Wildson Luís a
respeito dos certificados do curso, segundo a denúncia, descobriram que
não existia o convênio com a Unicastelo, embora nos recibos figurasse o
nome e o carimbo da instituição, sediada no Ceará.
“Quando Magno Amorim e seu cúmplice inseriram nos panfletos e nos
recibos o nome e um carimbo da Unicastelo e afirmaram nestes documentos
que os cursos tinham o reconhecimento do MEC, ficaram configurados
também os crimes de falsificação de documento particular e falsidade
ideológica”, explica Cassas.
Com a
desconfiança, os estudantes buscaram mais informações e descobriram que o
CNPJ do IEK (10.761.660/0001-49) está registrado em nome da esposa do
pastor Wildson Luís, num endereço em Barra do Corda onde existe apenas
uma casa abandonada. O cartão do CNPJ do IEK descreve como finalidade
principal a realização de “atividades de organizações religiosas”. Já no
site do Ministério da Educação, nenhum registro referente ao IEK foi
encontrado.
Novamente questionados
pelos alunos, Magno e Wildson disseram que novos convênios haviam sido
firmados, primeiro com a Faculdade Latinoamericana de Educação (FLATED),
depois com a Faculdade do Maranhão (FACAM), alegações que logo se
verificaram falsas.
Magno Amorim e Wildson Silva declararam, em junho, que devolveriam o dinheiro aos alunos, mas até agora não o fizeram.
O advogado Pablo Cassas estima que a dívida de Amorim e seu grupo pode
chegar a R$ 9,8 milhões, fora juros e correção monetária. Se condenados,
além da devolução do dinheiro, os acusados podem cumprir penas
individuais que, somadas, chegam a trinta anos de prisão.
Magno Amorim também tem a situação funcional irregular, pois acumula
três matrículas de professor da rede pública, sendo duas pelo estado e
uma pelo município. A lei permite apenas duas e Amorim terá que devolver
todos os salários recebidos ilegalmente, além de cancelar uma das
matrículas, segundo o advogado.
O outro lado – O Jornal Pequeno
fez várias tentativas para falar com a coordenação da campanha do
candidato Magno Amorim, através do celular 8113-6647, mas não conseguiu,
estando o espaço reservado para esclarecimentos que julgar necessários.
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