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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Novo inquérito deve investigar crimes de agiotagem no Maranhão

Durante 'Operação Detonando', foram descobertos indícios de ligação entre prefeituras e agiotas.
 
Comissão de delegados entrega o inquérito à Justiça. Durante as investigações da "Operação Detonando", foram descobertos indícios de ligações entre prefeituras e esquemas de agiotagem. Foto: Arquivo/Biné Morais/O Estado.

SÃO LUÍS – Após 115 dias de investigação, foi entregue à Justiça, na última sexta-feira (17), o inquérito sobre o assassinato do jornalista Décio Sá. No inquérito da "Operação Detonando", com 31 volumes, foi pedida a prisão de 13 pessoas. A Polícia Civil, também, pediu, à Justiça, a autorização para ouvir o deputado Raimundo Cutrim. Ele foi citado no depoimento do homem apontado como o executor do jornalista Décio Sá, Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos, que está preso desde o dia 5 de julho. O delegado da Polícia Federal, Pedro Meireles, também, foi citado no depoimento.
À esquerda, o delegado da Polícia Federal, Pedro Meireles – conhecido pela forte atuação no combate ao crime organizado em diversas prefeituras maranhenses durante as operações Rapina I e II, em 2008 –, após depoimento no dia 1º de agosto. Ele foi citado no depoimento de Gláucio Alencar. Foto: Arquivo/Diego Chavez/O Estado.

Como resultado das investigações, houve apreensão de carros, documentos, cheques e de notas de empenho de prefeituras maranhenses em poder de dois dos principais suspeitos no crime, os empresários Gláucio Alencar, de 34 anos, do ramo de merenda escolar, conveniado a várias prefeituras, e o pai dele, José de Alencar Miranda, de 72 anos, suspeitos de serem os dois principais mandantes do assassinato. Foram descobertos indícios de ligações entre prefeituras locais e esquemas de agiotagem.
Na imagem, os empresários José de Alencar Miranda, de 72 anos, e Gláucio Alencar, de 34 anos, do ramo de merenda escolar. Foto: Arquivo/Biaman Prado/O Estado.

De acordo com a delegada-geral de Polícia Civil do Maranhão, Cristina Meneses, algumas perícias, ainda, estão sendo concluídas e a Polícia Civil aguardará o parecer da Justiça sobre as novas etapas da investigação. "Nós vamos aguardar que a juíza tome ciência de todo o auto, que possui 31 volumes e vários anexos, se ela devolver para mais alguma diligência, se ela enviará os autos ao TJ (Tribunal de Justiça) para autorização para ouvir o deputado (Raimundo Cutrim) e nós vamos aguardar a denúncia. Após todas essas diligências, se houver necessidade, e junto a algumas perícias que, ainda, estão sendo concluídas, nós vamos aguardar a denúncia do promotor de Justiça", declarou em entrevista à reportagem do Imirante na manhã desta segunda-feira (20).
Delegada-geral de Polícia Civil do Maranhão, Cristina Meneses. Foto: Arquivo/Biné Morais/O Estado.

"Foi um trabalho que considero emblemático, porque foi um trabalho feito com muita liberdade. A polícia teve liberdade para o trabalho. O Judiciário também. Nós sentimos que todo o Judiciário queria chegar à verdade. Essa liberdade tem sido muito importante. Não é a única vez que a polícia trabalhou com total liberdade, longe de mim dizer isso. Sempre aconteceu isso. Mas, este, especialmente, teve o emblema de uma polícia ‘republicana’, uma polícia que já pode ter a confiança total da sociedade", avalia a delegada-geral.
A quadrilha já foi denunciada pelo Ministério Público do Piauí pela morte do empresário Fábio Brasil. A polícia investiga outros homicídios praticados pela quadrilha, que deve permanecer no Maranhão, conforme garantiu a delegada-geral.
Outros crimes
Sobre a ligação do deputado Raimundo Cutrim e do delegado da Polícia Federal, Pedro Meireles, a delegada-geral afirma que não há evidências de participação no crime de homicídio. "No entanto, no crime de agiotagem, existem indícios fortes de proteção da quadrilha através deles", diz.
Cristina Meneses esclarece, ainda, que a investigação não comprovou relação entre os casos de agiotagem e os crimes de grilagem de terra, revelados, em 2011, após a morte do empresário Marggion Lanyere Ferreira Andrade, de 45 anos, assassinado com um tiro na nuca no bairro do Araçagi, em São Luís. "Parece que não há ligação entre a quadrilha de agiotagem e a quadrilha que pratica essa fraude de documentação ali nas terras do Araçagi", afirma.
Novas investigações
A partir desta segunda-feira, um novo inquérito vai ser aberto para apurar os indícios dos crimes de agiotagem. "Nós vamos investigar as notícias de locupletação de erário público (ato de improbidade administrativa, ou seja, enriquecimento com dinheiro público, definido pela Lei n. 8.429/92) por meio dessa quadrilha e por meio de agiotagem praticada por essa quadrilha, que seria a motivação da morte de Décio Sá, porque ele passou a divulgar isso. Esse envolvimento de erário público com quadrilheiros, com agiotas, com dinheiro do povo sendo desviado, é a nossa busca, agora, de provas", explica.
As investigações ocorrerão sob sigilo de Justiça.

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