O MPMA requer a condenação dos empresários pelos danos morais e materiais causados aos consumidores.

 SÃO LUÍS - Pelos crimes de estelionato (art. 171 do Código Penal) e 
indução do consumidor a erro (art.7º da Lei 8.137/90), a 2ª Promotoria 
de Justiça de Defesa do Consumidor ofereceu Denúncia, em 12 de abril, 
contra os produtores do festival de rock Metal Open Air (MOA), Luiz 
Felipe Negri de Mello e Natanael Francisco Fereira Júnior. O evento, 
anunciado como o maior festival de rock das Américas, foi realizado, de forma parcial e precária, nos dias 20, 21 e 22 de abril de 2012, em São Luís.
O
 Ministério Público do Maranhão (MPMA) também ajuizou Ação Civil Pública
 (ACP) contra os réus e suas empresas Negri Produções Artísticas (São 
Paulo) e Lamparina Produções (Maranhão).
Na
 ação, a promotora de justiça Lítia Teresa Costa Cavalcanti requer, como
 medida liminar, o bloqueio de bens de Luiz Negri e Natanael Júnior e a 
interdição das referidas empresas registradas na Junta Comercial do 
Maranhão (Jucema) e na Junta Comercial do Estado de São Paulo.
O
 MPMA requer também a condenação dos empresários pelos danos morais e 
materiais causados aos consumidores, com a devolução dos valores pagos e
 demais despesas, monetariamente atualizados. Pede igualmente a 
condenação dos réus ao pagamento de indenização no valor de R$ 2 milhões
 a ser revertido ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa dos Direitos do 
Consumidor.
Fracasso
Conforme divulgação, o festival, realizado no Parque da Independência, teria shows de 47 bandas de rock nacionais  e internacionais, especialmente, de vertentes do gênero heavy
 metal. Os organizadores também prometeram que o ator norte-americano 
Charlie Sheen estaria presente no MOA como convidado especial.
A lista de artistas atraiu amantes do rock
 de vários estados brasileiros e de diversas nacionalidades. No entanto,
 somente 14 grupos se apresentaram, o que causou o cancelamento 
definitivo do evento no 3º dia.
Grupos
 como Anthrax, Blind Guardian, Saxon, Venom, Torture Squad e Ratos de 
Porão foram anunciados, mas não se apresentaram. Dos mais famosos, só 
subiu ao palco o Megadeth.
Além
 do problema da desistência das bandas, o público foi surpreendido com a
 péssima infraestrutura do espaço, contrariando o ambiente seguro e 
confortável prometido no material de divulgação.
Os
 valores dos ingressos variaram de R$ 250 a R$ 850. Consta na ação, que 
foram vendidos 7.865 ingressos, sendo arrecadados R$ 1.982.955.
No local, não havia quase nada do que foi prometido na propaganda. A área de camping
 foi improvisada num estábulo sujo, espaço usado para o alojamento de 
animais (porcos, cavalos, bois e cabras), durante a Exposição 
Agropecuária do Maranhão (Expoema), evento realizado anualmente no mesmo
 parque. "Campistas tiveram que dividir seu leito com carrapatos e fezes
 dos animais", relatou a promotora de justiça na Denúncia.
Devido
 à falta de segurança, muitos consumidores foram roubados ou assaltados 
e, sem dinheiro e documentos, foram obrigados a esperar dias alojados 
improvisadamente no parque, até conseguirem retornar a seus locais de 
origem.
Também não foi 
disponibilizado o transporte especial prometido. Não havia lanchonetes 
nem o restaurante anunciado no material publicitário. A quantidade de 
chuveiros e banheiros químicos foi insuficiente para o número de 
pessoas. "A estrutura de alimentação era tão precária que os 
participantes ficaram sem água potável para beber".
Na
 ação, Lítia Cavalcanti enfatiza ainda que os organizadores do evento 
não comunicaram oficialmente o cancelamento do festival, deixando que os
 consumidores descobrissem o fato por pura dedução, por meio da 
desmontagem dos palcos e dos equipamentos. "Somados todos estes fatores,
 o resultado foi o total desastre do evento, maculando, a cidade de São 
Luís, o Maranhão e o Brasil", completou a promotora de justiça.
Má-fé
Segundo
 consta na Denúncia, o produtor paulista Luiz Negri boicotou o festival.
 Em uma das situações relatadas, ele avisou aos músicos da Anthrax que o
 palco não oferecia segurança, o que culminou no cancelamento da 
apresentação da famosa banda norte-americana. Também realizou - um dia 
após o cancelamento do festival em São Luís - um evento em São Paulo, no
 Credicard Hall, com três das principais atrações do MOA, Blind 
Guardian, Grave Digger e Shaman.
Consta
 ainda na Denúncia, que Natanael informou, em depoimento, que entregou 
antecipadamente a Negri a quantia de U$ 750 mil - a quase totalidade da 
arrecadação - para o agendamento das apresentações.
"Embora
 evidenciada a total má-fé de Luiz Negri, este fato não exime a 
responsabilidade de Natanael, o produtor local do evento. Observa-se 
pelos documentos juntados, que este não tinha condições financeiras, 
técnicas e estruturais de realizar um festival desta magnitude", 
concluiu Lítia Cavalcanti.
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