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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Maranhão registra 800 casos de Aids nos últimos 25 anos

Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, foram notificados 800 casos de Aids na faixa etária de 15 a 24 anos

Ontem, 1° de dezembro, foi o Dia Internacional de Combate a Aids, instituído no final da década de 1980. A partir deste momento, o mundo inteiro, sempre neste período, passou a se unir em torno de um objetivo: a conscientização sobre essa doença. E no Brasil, essa atenção inspira cuidados em especial a um segmento da população. É o que mostra o mais recente levantamento do Ministério da Saúde, por meio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), quando informa que o país tem na atualidade entre 490 mil a 530 mil soropositivos. Essa contaminação se mostra mais crescente, sobretudo entre os jovens homossexuais com idade entre 15 e 24 anos. Em 2002, homossexuais com essa faixa etária eram pouco menos de 40% dos casos. Novos dados apresentados apontam que essa mesma camada da população já ultrapassou os 50% dos casos.

O Ministério da Saúde chama atenção em especial para o aumento da quantidade de infectados nos estados das regiões Norte e Nordeste. Para o infectologista Carlos Frias, “o motivo desses casos da doença estar mais concentrados nessas regiões se dá, sobretudo, por aspectos culturais, sociais e econômicos. Além do que, no Norte e no Nordeste, temos um alto índice de prostituição de adolescentes. Nessas regiões faltam também políticas públicas efetivas direcionadas aos jovens. Falta emprego, renda, educação e, principalmente, orientação sexual”, esclarece.

No Maranhão de acordo com a chefa do Departamento de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado, Osvaldina Mota, “no período de 1985 a setembro de 2012 foram notificados 800 casos de Aids na faixa etária de 15 a 24 anos, representando 12,9% do total de casos da doença notificados em todo o estado”. Ela informa ainda que “desses casos 473 são do sexo masculino, o que corresponde a 59% dos infectados”. Quando levado em conta a categoria de exposição, o levantamento mostra que nessa faixa etária 22,9% dos casos são de homossexuais, 21,2% são bissexuais e 45,1% de heterossexuais.

Na atualidade, os números de contaminados no mundo giram em torno de 15 mil pessoas ao dia e, segundo especialistas, esses números devem seguir crescendo. Além disso, já morreram mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo em função da Aids e uma estimativa sinaliza para que haja, pelo menos, 40 milhões de infectados em todo o globo. Para Carlos Frias, “diante da crise mundial em que vivemos, o sexo acaba funcionando como uma válvula de escape. Trata-se de um fenômeno sociológico. A garotada perdida diante de tudo que acontece à sua volta [falta de emprego], faz do sexo uma bengala. E isso acaba refletindo na economia do estado já que existe uma perda da força de trabalho, isso porque o jovem doente cedo é retirado do mercado de trabalho. Perde também o Sistema Previdenciário”.

No Maranhão, segundo Osvaldina Mota, “desde o início da epidemia, nos anos 80 há uma aumento progressivo de novos casos de Aids em jovens de 15 a 24 anos, alcançando pico em 2004 e 2011 [9 casos] em todo o estado”. A chefa do departamento de DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado observa também que “todas as categorias apresentam tendência de crescimento para contaminação”. E isso muito em função da “queda na veiculação de campanhas prevenção, ao mesmo tempo, que cresceu a veiculação de informações sobre a diminuição da incidência da doença. Isso projeta nos jovens a falsa ideia de que a Aids está sob controle. Então eles criam uma realidade de que a doença está distante deles, quando não é verdade. Outro fator que tem influenciado muito para esse aumento é a do prolongamento da vida por meio dos tratamentos”, complementa o infectologista Carlos Frias. 

Foco na capital
A concentração de jovens contaminados, segundo informa Osvaldina Mota, está em sua maioria na capital. “Observa-se que a maioria dos casos, 41,9%, está em São Luís vindo na sequência os municípios de Imperatriz com 15%, Caxias com 3,1%, São José de Ribamar vem em seguida com 2,6%, Bacabal, 2,5% e Codó com 2%”, esclarece. Essa concentração na capital, de acordo com o infectologista “não deve se ater à questão do acesso a informação. O que a gente deve levar em conta é que São Luís é uma cidade litoral e como toda cidade com essa característica que possui porto [Itaqui], acabam recebendo pessoas das mais variadas localidades do Brasil e fora do país. Isso acaba tornando mais propício para o aumento da doença. São Luís também vive um crescimento muito forte na construção civil que é outro fator que ajuda a potencializar o aumento dos índices de Aids na capital”, informa Carlos Frias.

Ele explica ainda que “outro fator que vem contribuindo para o aumento da Aids e não só no Maranhão, mas em todo país é a glamurização da sexualidade promovida pela mídia [as propagandas de cervejas são um bom exemplo]. Nessas propagadas existem aquilo que nós chamamos de mensagens subliminares que acabam a estimulando a sexualidade de forma inconsciente”.

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