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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Bancários marcam nova greve para semana que vem


 (GILSON TEIXEIRA/OIMP/D.A PRESS)
Os bancários de todo país vão entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 18, conforme deliberado em assembleia realizada no início do mês. Os bancários reivindicam, entre outros, reajuste salarial e recomposição de perdas; Plano nos Lucros e Resultados (PRL); aumento na participação de lucros e resultados; e ampliação de benefícios. O movimento pautou ainda a contratação de funcionários e respeito à Lei da Fila (4.330/2005). No Maranhão, a categoria volta a reunir nesta sexta-feira (15) para organizar os trâmites do movimento grevista. "A greve pode ser suspensa caso a categoria concorde com a contraproposta a ser enviada pelo sindicato patronal", ressaltou o presidente do Sindbancarios, José Maria Nascimento. O documento deve ser apresentado na próxima segunda-feira, (17).

A discussão salarial ocorre desde o início do mês, data-base da categoria. Sem consenso entre as partes, os sindicatos votaram nacionalmente pela greve. O maior impasse é a questão salarial.

Sindicatos pediram 10,25%, mas patrões acenaram com 6%, que foi de imediato negado. Os sindicatos têm autonomia para definir em seus estados os índices de reajuste. Todas as propostas são enviadas às confederações que definem um valor comum a ser pleiteado junto ao patronal. No país, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT) congrega a maioria dos sindicatos trabalhistas fazendo assim prevalecer sua proposta. No entanto, as decisões não têm agradado os trabalhadores, segundo o Sindibancários. "Há uma relação de promiscuidade entre a CUT e o Governo, que, nas negociações, troca o direito dos trabalhadores por cargos", afirma o secretário de finanças e administração do Sindbancarios, Raimundo Targino Junior.

A reclamação se fundamenta no disparate entre os índices de reajuste desejado pelos trabalhadores e o definido pela Contraf-CUT. No Maranhão, por exemplo, a categoria pleiteou 23% de reajuste salarial, mas, o nacional a ser discutido ficou em 10,25%. Segundo Tarjino, esse índice não contempla as perdas dos trabalhadores, que, no estado, oscilam entre 23% para funcionários de bancos privados; e até 100% para quem atua em agências públicas. "Não queremos aumento como os banqueiros dizem, mas, a recomposição de nosso poder de compra. Essa defasagem salarial vem desde a década de 90", ressalta Tarjino.

Tarjino também reconhece o precário atendimento dispensado à população e atribui a culpa aos banqueiros. "Eles não querem contratar mais pessoal e quando o fazem é por força de acordos, mas, por trás, usam estratégias que impendem a solução do problema", disse. Segundo o sindicalista, ao proceder as contratações, as empresas se antecipam com planos de estimulo à aposentadoria, perdendo assim um contingente razoável de funcionários.

Soma-se a esses os que, por motivos vários, se desligam das empresas. Ao contratar, diz, a demanda mostra-se maior que antes. O Plano nos Lucros e Resultados (PRL), por sua vez, denuncia ele, está sendo usado como forma de pressão aos funcionários. "Para ter seus direitos, o funcionário é induzido a cumprir metas que são abusivas, sob pena de perda suas vantagens", revela.

Decisão nacional

A Contraf-CUT enviou carta à Federação Nacional de Bancos (Fenaban), no último dia 5, para informar sobre o calendário de mobilização aprovado pelo comando. Segundo avaliação da Contraf-CUT, os sucessivos resultados positivos dos bancos permitem atender às demandas dos bancários. Um relatório aponta que, os cinco maiores bancos tiveram R$ 50,7 bilhões de lucro líquido ano passado, com rentabilidade de 21,2% - a maior do mundo. No primeiro semestre deste ano, as mesmas instituições apresentaram lucro líquido de R$ 24,6 bilhões, maior que em igual período do ano passado, mesmo com o provisionamento astronômico de R$ 37,34 bilhões para pagamento de devedores duvidosos. Para a Contraf-CUT, o número é incompatível com a situação real de inadimplência. A confederação conclui a carta ponderando que, acredita no diálogo e aposta no processo de negociações e aguarda manifestação da Fenaban com uma nova proposta até o dia 17, véspera da data da greve geral.

Lista de reivindicações

O piso salarial bancário atualmente é de R$ 1.400; a categoria pede aumento para R$ 2.416,38; a Participação nos Lucros e Resultados (PRL) equivalente a três salários mínimos, distribuídos igualmente a todos os bancários; elaboração do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS); aumento para um salário mínimo dos benefícios auxílio refeição (R$ 435,16), cesta alimentação (R$ 339,08), auxílio creche-babá (R$ 284,85); e criação da 13ª cesta alimentação. Se concedidos os benefícios, os rendimentos atuais de R$ 2.459,09 passam para R$ 4.282,38. O cálculo exclui o auxílio creche-babá aos que possuem filhos maiores de 71 meses. "São pedidos que, ainda que concedidos, não irão repor nossas perdas", ressaltou Raimundo Tarjino Junior. Constam ainda da lista, mais contratações, proteção contra demissões imotivadas, fim da rotatividade, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, mais segurança, igualdade de oportunidades.


Reclamações

O sindbancarios disse receber várias denúncias de precário atendimento das agências, principalmente, da demora. Segundo a entidade, a Lei da Fila é descumprida em todos os bancos. Pela lei, a permanência na fila não deve ultrapassar os 30 minutos, sob pena de punição às agências. A insegurança no trabalho também integra a lista de reclamações da categoria. Segundo eles, mesmo com câmeras e seguranças armados, as investidas contra as agências é constante. Estatístiscas do Sindicato dos Bancários (Sindbancários) apontam 50 ocorrências a bancos entre assaltos (2), assaltos com arrombamentos a caixas eletrônicos (35), tentativas de assaltos (5), tentativa de arrombamentos (6) e assaltos da modalidade 'saidinha bancária' (2), entre janeiro e abril deste ano. As denúncias são enviadas prontamente aos órgãos de defesa do consumidor e de fiscalização para medidas cabíveis.

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