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domingo, 29 de julho de 2012

Vereador suspeita que prefeitura usou associação como 'laranja' para compra de merenda escolar

O vereador Gerson Júnior (PT), de Cantanhede, a 154 quilômetros de São Luís e com pouco mais de 20 mil habitantes, procurou o Jornal Pequeno para levar a público um suposto esquema de malversação de dinheiro público naquele município, segundo ele, com a utilização de uma Associação de Mulheres Quebradeiras de Coco, localizada no povoado Candiba. A entidade estaria sendo usada como ‘laranja’ para fornecimento de merenda escolar à rede de ensino municipal.
Gerson Júnior afirmou que teve acesso a notas de empenho e respectivas Notas Fiscais, o que somaria mais de R$ 100 mil em fornecimento de gêneros alimentícios somente no período entre novembro e dezembro de 2010, com notas de empenho no valor de R$ 450 mil durante o exercício de 2011.
“Só de carne bovina, a Associação de Quebradeiras de Coco ‘forneceu’ cerca de uma tonelada e meia, além da mesma quantidade de carne de frango. Tudo somente no mês de dezembro de 2010. Detalhe: a associação não cria uma cabeça de gado ou de frango sequer no município de Cantanhede”, afirmou o vereador.
“O que podemos dizer é que existe uma clara utilização de um aassociação idônea de trabalhadoras rurais para fins de desvio de recursos da merenda escolar dos alunos de Cantanhede”, garantiu o petista.
Segundo ainda o vereador, a Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco está praticamente abandonada desde outubro do ano passado, e sequer está trabalhando ou produzindo aquilo que seria seu objeto principal: derivados de coco babaçu.
A presidente da associação, Maria Aparecida, disse que a entidade foi contemplada com um projeto do governo do Estado para beneficiamento do babaçu que foi executado de forma precária, até ser abandonado completamente em 10 de outubro de 2011. “Quando a gente trabalhava com as máquinas em pleno funcionamento, conseguíamos produzir até três toneladas de amêndoa e 16 toneladas da casca do babaçu. O mesocarpo a gente transformava todo em ração, em média cinco5 toneladas. Tudo isso no primeiro mês de produção”, explicou.
Maria Aparecida afirmou que toda essa produção parou desde que o projeto de ampliação das instalações da associação foi abandonado por uma empresa do município, que, segundo ela, teria desviado os recursos da obra.
A presidente disse ainda que chegou a avisar a prefeitura que a associação não desejava que os serviços de ampliação fossem realizados por essa empresa, que seria de um senhor conhecido como Ranildo, mas, segundo ela, a prefeitura, hoje comandada por José Martinho, o Kabão, não teria dado ouvidos às ponderações das quebradeiras de coco, contratando a tal empresa.
“Pelo que sabemos, a nossa associação havia ganho uma cozinha industrial, uma forrageira grande, uma máquina de quebrar e outra de pelar [o coco babaçu], mas até hoje as máquinas nunca chegaram. Também tinha a promessa de construção de dois galpões, mas só foi feito um, pela empresa do senhor Ranildo. Nós não queríamos que as obras fossem feitas por essa empresa, pois ela já havia desviado recursos do projeto em outra ocasião, mas a prefeitura insistiu com ela”, disse Aparecida.
Merenda escolar – Quanto ao fornecimento de carne bovina e de frango, Maria Aparecida garantiu que nunca a Associação das Quebradeiras de Coco forneceu tais gêneros alimentícios para o programa de merenda escolar no município de Cantanhede, pois o único produto fornecido pela entidade é o mesocarpo do babaçu, que é transformado em chocolate, bolo, biscoito e pudim.
Aparecida explicou, porém, que existe um trabalho com a Prefeitura de Cantanhede, onde a associação fornece a conta bancária para receber o dinheiro da merenda escolar, o que poderia configurar na utilização da entidade como ‘laranja’.
“Nossa associação nunca forneceu carne de boi ou de frango para a merenda escolar em Cantanhede. O que existe é um trabalho junto com a prefeitura, onde a associação fornece a conta bancária para receber o dinheiro da merenda. A nota fiscal é emitida pela Associação de Quebradeiras de Coco, numa parceria com a prefeitura”, afirmou.
O vereador Gerson Júnior, por sua vez, disse que irá denunciar a situação ao Ministério Público e cobrar explicações do prefeito sobre o relato feito pela presidente da associação.
Outro lado – Pelo celular, a reportagem entrou em contato com a secretária de Educação de Cantanhede, Lélis Lima dos Santos, que se limitou a afirmar que não tinha “nada a declarar”.

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